terça-feira, 13 de maio de 2014

SUPERBACTÉRIA MATOU SETE PACIENTES


Sete pacientes morrem no Hospital de Messejana

Desde abril, foi identificada a presença da bactéria multirresistente em oito pacientes do mesmo setor de emergência do Hospital de Messejana. Único sobrevivente está na UTI em quadro considerado estável
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MAURI MELO
A presença da superbactéria foi identificada em oito pacientes do setor de observação risco 1 da emergência do hospital

Desde abril, sete pacientes morreram após o contato com uma bactéria multirresistente no Hospital do Coração de Messejana (HM). A presença da bactéria Acinetobacter baumannii foi identificada em oito pacientes do setor de observação risco 1 da emergência do hospital.
O primeiro óbito foi registrado no dia 7 de abril. Na manhã de ontem, a direção da unidade confirmou que as duas últimas mortes ocorreram na sexta-feira, 9. O setor da emergência, que havia sido bloqueado para controle da infecção, foi liberado no último sábado, 10. Um oitavo paciente permanece na UTI cardiopulmonar com quadro estável, segundo a direção do hospital, que também assegurou não haver novos diagnósticos de pessoas com a bactéria na unidade.

Conforme a assessoria da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), os pacientes que morreram tinham quadros complicados de saúde e idades entre 70 e 90 anos. O médico infectologista Bráulio Matias, coordenador do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar do HM, afirma que as mortes não são diretamente atribuídas à bactéria, que tem alta resistência aos antibióticos. “A infecção está relacionada à morte desses pacientes, mas não é a causa imediata. A bactéria ajudou a complicar os casos”, declara. Matias acrescenta que infecções por essa bactéria são comuns nos hospitais.

De acordo com o infectologista Ivo Castelo Branco, a bactéria tem alta letalidade e se espalha rapidamente entre pacientes mais fragilizados. Provoca infecções e complica os casos já graves. “Há pelo menos 30 anos, a bactéria se manifesta em ambientes hospitalares, notadamente nas UTIs.” Segundo explica, os medicamentos para combatê-la são muito pesados para quem já tem a saúde comprometida. “A partir de dois, três casos no mesmo hospital, a situação exige isolamentos, desinfecção e providências para evitar trocas entre pacientes”.

Medidas

O setor que foi contaminado recebe pacientes graves à espera de internação na UTI. Os três primeiros óbitos foram registrados nos dias 7, 20 e 29 de abril. Após a quarta morte, no dia 1º de maio, a medida adotada foi bloquear o setor para evitar novas contaminações pelo hospital. A ala ficou fechada até o último sábado para desinfecção geral dos leitos, pintura e reparos nas instalações elétricas e rede hidráulica. Segundo Ernani Ximenes, diretor do hospital, os pacientes mais estáveis foram remanejados para os corredores, enquanto casos mais graves foram levados para outros hospitais. 
Outros quatro pacientes ficaram em observação, com o procedimento chamado de “precaução de contato”: os médicos foram alertados a evitar tocar a pele dos pacientes. Houve restrição de circulação das equipes de médicos e enfermeiros, residentes e internos. Após o bloqueio do setor, foram três mortes: uma na última terça-feira, 6, e duas na última sexta-feira, 9.
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Resistência
Segundo Ernani Ximenes, diretor do HM, o uso indiscriminado de antibióticos é um hábito da população que aumenta a resistência das bactérias. Com isso, as pessoas ficam mais expostas aos riscos de uma infecção. 

Emergência
No setor de observação de risco 1, considerado como ala de “alta mortalidade” pelo médico infectologista Bráulio Matias, são cerca de 80 mortes por mês. São, no mínimo, 20 leitos.

Declarações anteriores

Na manhã da última sexta-feira, 9, o secretário de saúde do Ceará, Ciro Gomes, declarou ao site G1 que nenhum paciente contaminado com a bactéria havia morrido. 

Ao O POVO Online, a assessoria do hospital havia informado, durante o bloqueio do setor, que a unidade passava por procedimento “padrão” para “garantir segurança e o atendimento adequado aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

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