Finalmente a oposição parece começar a acertar os passos, embora tenha deixado o espaço ficar menor
Reunião dos representantes de 23 partidos que
estão aliados com o Governo do Ceará. O número pode subir com a adesão
do PRB esperada para a próxima terça-feira, após uma reunião dos
candidatos do partido ao Legislativo
FOTO: HELOSA ARAÚJO
O candidato a governador de Cid e Ciro Gomes já está escolhido.
Quando eles voltarem da convenção nacional do PROS, no meio desta
semana, quarta-feira, podem fazer o anúncio de como se dará a escolha do
escolhido, prática bem ao modelo das antigas lideranças políticas que
reuniam seus liderados para decidirem o já decidido anteriormente por
elas, passando a ideia de ação coletiva ou democrática.
Os candidatos à chefia do Executivo estadual cearense, pelo PROS,
partido aliado a mais de vinte outras agremiações, óbvio, nem-sequer
conhecem o critério estabelecido para a escolha do nome e continuam
atônitos e ansiosos.
Negar que o governador ainda não tenha o nome do candidato a apoiar é
querer subestimar a inteligência coletiva. O respeito pelo cargo o
impõe a fazer a melhor escolha. E não se escolhe bem de inopino. Há três
ou dois meses antes era possível que ainda pairasse alguma dúvida sobre
quem ele iria apontar.
Na última eleição para a Prefeitura de Fortaleza, após o rompimento
do governador Cid Gomes (na época, ele ainda estava no PSB) com a
prefeita Luizianne Lins (PT), a escolha do candidato a prefeito de Cid,
também por falta de regras para a escolha, um dos candidatos acabou
deveras frustrado.
Sinalização
Ele fez uma mobilização entre políticos e até empresários para ter o
seu nome indicado e acabou assistindo Roberto Cláudio, o atual prefeito,
ser escolhido para disputar o cargo, sem ter se exposto, como, agora,
alguns pretensos postulantes à cadeira do governador estão fazendo, sem
dúvida, infrutiferamente, pois tais ações parecem não sensibilizar a
quem dirá a última palavra.
Só uma verdade os governistas dizem a amigos e curiosos: o governador
não fez qualquer sinalização a nenhum deles. Nem dá abertura para
conversas isoladas, com os seus liderados, sobre a formação da chapa
majoritária (governador, vice e senador).
Apesar disso, três dos relacionados como pretendentes ao cargo
(Domingos Filho, Izolda Cela, José Albuquerque, Leônidas Cristino e
Mauro Filho) enxergam em cada gesto, olhar ou fala de Cid, a qualquer
deles dirigido, uma sinalização de ser ele o ungido.
Estão todos atormentados. E com razão. Afinal estamos a oito dias da
data limite para a realização das convenções homologatórias das
candidaturas. É um prazo muito exíguo até para a elaboração do discurso
aos convencionais e ao eleitorado, para dar uma noção de suas ideias
sobre as prioridades para governar bem o Estado.
Um pronunciamento que o faça diferente da trivialidade, capaz de
transmitir confiança de estar preparado para gerenciar um Estado com
carências, maiores ou menores, em todas as suas áreas de atuação
imperativas.
O restante da chapa majoritária governista (vice-governador e
senador), ainda vai depender de negociações, inclusive com a cúpula
nacional do PT, incluindo-se o ex-presidente Lula, sobre o nome do
partido para o Senado, posto haver resistência de ordem política quanto
ao nome do deputado federal José Guimarães.
Se o governador concentra a decisão da escolha do seu preferido para
disputar o Governo, mostrando uma força que nenhuma outra liderança
cearense demonstrou ter, também pela falta de musculatura de vários dos
pouco mais de vinte partidos que seguem a sua orientação, como comprovam
o silêncio ou os resmungos pelos cantos de alguns deles, longe dos
ouvidos do chefe, os seus poucos oposicionistas não conseguiram ainda
perceber que, isolados, vão continuar muito enfraquecidos na disputa
deste ano pelos cargos majoritários (governador e senador) e
proporcionais (Assembleia e Câmara Federal).
Luz
PMDB, PR, PSDB e PSB, ao contrário dos governistas, ainda não têm
suas chapas por falta de nomes (só o PSOL com o PSTU formaram a sua). De
há muito defendíamos a união deles para permitir uma disputa realmente
competitiva, mas a vaidade, o egocentrismo e a falta de espírito público
fizeram-nos chegar a esse isolamento.
Eles não têm mais com quem se coligar, senão entre si, agora por uma
necessidade premente, com sacrifício da candidatura de Roberto Pessoa
(PR). Os dois últimos partidos propensos a se enfileirarem com as
oposições, PV e PRB já estão com o Governo. Sentiram falta de firmeza na
oposição para garantir sucesso a alguns dos seus pretendentes a vagas
no Legislativo, isso pela indefinição dos líderes oposicionistas.
Agora, porém, parece surgir uma luz no fim do túnel. O senador
Eunício Oliveira (PMDB) e o ex-governador Tasso Jereissati (PSDB)
conversaram, no início da última semana, mais explicitamente sobre a
disputa cearense. Eles adiantaram os entendimentos para marcharem
juntos. Não ficou acertado é se Tasso vai disputar a vaga de senador,
até pelo fato de ele poder a vir ser candidato a vice-presidente da
República, na chapa do senador Aécio Neves.
O PR de Roberto Pessoa também deverá fazer parte dessa coligação.
Pessoa conversa com Tasso sobre o assunto no início desta semana,
deveria ter sido na última sexta-feira. O entendimento de Tasso
Jereissati com o senador Eunício Oliveira garante um palanque para o
presidenciável Aécio Neves e, sem dúvida, dá um reforço à candidatura do
peemedebista Eunício.
Edison Silva
Fonte: Diario do Nordeste
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